Primeiro mês de Guterres na ONU é marcado por grandes desafios e crises globais

António Guterres deu partida ao seu mandato de cinco anos no comando das Nações Unidas enfrentando crises globais de terrorismo, refugiados, mudanças climáticas e conflitos armados na Síria, Iêmen, Sudão do Sul, Líbia e outros países.


Internacional - 13/02/2017
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recebe as credenciais da nova embaixadora dos Estados Unidos junto a ONU, Nikki Haley, na sede da ONU em Nova York
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, recebe as credenciais da nova embaixadora dos Estados Unidos junto a ONU, Nikki Haley, na sede da ONU em Nova York - Créditos: Bryan R. Smith/Agencia France Presse
     Pouco mais de um mês após assumir, no dia primeiro de janeiro, o posto de secretário-geral da ONU, o português António Guterres deu partida ao seu mandato de cinco anos no comando das Nações Unidas enfrentando crises globais de terrorismo, refugiados, mudanças climáticas e conflitos armados na Síria, Iêmen, Sudão do Sul, Líbia e outros países. As informações são da agência de notícias chinesa Xinhua.
     Como se não bastasse, o ex-chefe da agência dos refugiados da ONU ainda tem que lidar com o pouco interesse no multilateralismo demonstrado recentemente por alguns líderes ocidentais. Entretanto, Guterres, mediante árduo trabalho e sabedoria política, tem provado estar qualificado para exercer a tarefa de "moderador mundial," como previsto pelo presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, um dos idealizadores da Organização das Nações Unidas, em 1945.
     É consenso que Guterres enfrenta hoje desafios muito mais sérios que os seus predecessores. A crise dos refugiados tem assumido grandes proporções e a ONU calcula que uma em cada 113 pessoas no mundo hoje é um refugiado. O terrorismo é outro pesadelo, que tem causado distúrbios e pânico generalizado em todo o mundo.
     Além disso, a xenofobia e o racismo estão ganhando impulso em alguns países e regiões, diminuindo o papel do multilateralismo. Do ponto de vista ambiental, as mudanças climáticas, o aumento da população, o desmatamento, a poluição e a escassez de recursos naturais e água aumentam a problemática e as turbulências globais.

Apelo à paz
     Em seu primeiro dia no comando da ONU, Guterres prometeu fazer de 2017 um ano para a paz.
     "Peço a todos que se juntem a mim para fazer uma resolução compartilhada de Ano Novo: vamos colocar a paz em primeiro lugar," disse.
     Apelando para que o mundo "se esforce para superar as diferenças," o chefe de 67 anos terminou sua mensagem com uma nota sobre a responsabilidade pessoal, dizendo: "Tudo o que nós nos esforçamos para dar às famílias - dignidade e esperança, progresso e prosperidade - depende da paz, mas a paz depende de nós."
     O apelo do chefe da ONU ganhou aplausos, na medida em que o mundo está sendo despedaçado por ataques terroristas aqui e ali, comentou Liu Tiewa, vice-diretora do Centro de Pesquisa das Nações Unidas e Organizações Internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim. "O que o mundo mais precisa é paz," disse ela.

Prevenção de conflitos
     Desde que assumiu, Guterres destacou a necessidade de novos esforços para construir e sustentar a paz, com prevenção e resolução de conflitos de modo sustentável. "Nós gastamos muito mais tempo e recursos para responder às crises do que as impedir. Precisamos de uma abordagem totalmente nova," ressaltou ele em um debate do Conselho de Segurança da ONU sobre a prevenção de conflitos e a manutenção da paz.
     De acordo com o chefe da ONU, a maioria dos conflitos atuais ainda eram essencialmente internos, antes que rapidamente assumissem conotações regionais e transnacionais. Eles foram alimentados pela competição por poder e recursos, desigualdade, marginalização e exclusão, má governança, instituições fracas e divisões sectárias.
     Além disso, os conflitos têm sido acentuados pelas mudanças climáticas, crescimento populacional e globalização da criminalidade e do terrorismo, disse ele, acrescentando que, com tantos fatores em curso, foi preciso muito pouco para tornar global uma crise que poderia envolver apenas um país ou uma região, a exemplo do que ocorreu na Síria.
     O chefe da ONU disse ter nomeado um assessor especial em Política para mapear as capacidades de prevenção do sistema das Nações Unidas e reuni-las em uma plataforma integrada para a detecção precoce de crises e ação corretiva. "Precisamos de uma resposta global que aborde as causas profundas dos conflitos para integrar a paz, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos de uma forma holística - da concepção à execução", disse Guterres.
     "Nossa prioridade é a prevenção - prevenção de conflitos, dos piores efeitos de desastres naturais e de outras ameaças causadas pelo homem ao bem-estar das sociedades," ressaltou, observando que o melhor meio de prevenção para sustentar a paz é a inclusão e o desenvolvimento sustentável.

Construindo parcerias
     A importância da construção de parcerias foi outro ponto enfatizado por Guterres. Em  seu primeiro discurso na União Africana (UA) desde que tomou posse, em 30 de janeiro, ele ressaltou a importância de uma parceria estratégica entre a UA e a ONU para construir o desenvolvimento sustentável e promover a paz e a segurança no continente.
     É fundamental construir uma nova geração de parcerias com os governos, a sociedade civil, as organizações regionais, as instituições financeiras internacionais, o mundo acadêmico e a comunidade empresarial e implementar uma agenda de ação sobre o financiamento do desenvolvimento, afirmou ele então.
 

[Fonte:   Agência Brasil ]
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